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Resenha | Carole e Tuesday – 1ª Parte (Original Netflix)

A Netflix adquiriu oficialmente os direitos de transmissão de Carole e Tuesday, série animada japonesa, cuja 1ª parte estreou na plataforma de streaming na última sexta-feira (30). A trama conta a história de duas garotas de realidades diferentes, mas que se unem por um interesse em comum: a música.

Destinos cruzados

Tuesday vem de uma família de elite e tinha tudo para ser feliz, exceto pelo amor fraternal. Cansada de ser tratada como nada mais que um objeto por sua mãe, a garota abandona sua vida fácil para tentar a vida nas ruas, acompanhada somente de seu violão.

Em seu primeiro dia à solta conhece Carole, outra aspirante a musicista que encanta Tuesday com seu talento no teclado – e que também carrega consigo uma dura realidade familiar. Sem ter para onde fugir, as duas garotas se unem e decidem correr atrás de seu sonho.

Ambientado num futuro hipotético, onde a vida em Marte tornou-se possível e Inteligências Artificiais tomaram quase todas as oportunidades de emprego antes ocupadas pelos humanos, as jovens que tiveram seus destinos cruzados atenderão a este chamado com muita empolgação, em meio a momentos emocionantes e divertidos, mas tudo na medida certa. Desde que estejam juntas, tudo dará certo.

Realidade da indústria

Entretanto, entrar na indústria musical não é tão fácil quanto parece, ainda mais quando os recursos financeiros são escassos. Com a ajuda de um agente fracassado, as garotas tentarão alcançar a fama por diversos caminhos, mas sempre jogando limpo: a amizade e talento que compartilham revela-se como sua fonte de força nessa difícil luta.

Enquanto as garotas dão duro para realizarem seu sonho, uma jovem e popular modelo, Angela, também entra na disputa por seu espaço no mundo da música, embora por motivações completamente diferentes.

Com empresários pilantras, adversários sacanas e mães que se preocupam mais com o dinheiro do que com a saúde mental de seus filhos artistas, o anime mostra um pouco de como é a dura realidade da indústria, que nem sempre é feita só de flores.

The Voice marciano?

Ainda neste jogo musical, um dos pontos altos dessa animação é o show de talentos televisivo “Mars’ Brightest”. O programa funciona como uma espécie de The Voice marciano, com incríveis performances musicais que são julgadas em uma bela disputa e o artista vencedor recebe a oportunidade de estrear.

Essa é uma incrível oportunidade não só para artistas novatos e sem dinheiro, como Carole e Tuesday, mas também para aqueles já conhecidos do público que almejam criar um pouco mais de mídia e publicidade para fazer com que suas carreiras decolem mais rápido.

Muito talento

Com isso, são diversas a oportunidade que temos ao longo dos episódios de presenciarmos grandes talentos, ainda que por uma animação 2D. Dentre músicas originais e covers de canções de sucesso, o público tem seus ouvidos perfeitamente tocados pelo incrível dom musical dos dubladores contratados.

Move Mountains e Light a Fire, de Alisa, são dois dos grandes destaques entre os covers. Love Yorself, de J R Price, também marca presença na trilha sonora, assim como a francesa La Ballade, de Maika Loubté. Dentre as originais, The Loneliest Girl é de longe a mais incrível, mesclando ambos potencia vocal, harmonia instrumental e letra emocionante.

Animação diferentona

E embora seja uma produção japonesa, os traços ganham certa independência do já consagrado estilo das animações locais. Com sua história passada em Mars, e não mais no Japão, traz personagens de diferentes etnias e permite uma representatividade racial que ainda é pouco vista nos animes. Até personagem LGBT teve! É muito bacana ver as animações japonesas saindo da bolha.

Além disso, apresenta uma fluidez diferente em seu traço, com algo não tão sincronizado ou macio, principalmente durante as apresentações musicais, com ações mais grotescas e menos claras que, à princípio, são um incômodo, mas se revelam como um ponto positivo e artístico, dado o contexto.

Resenha | Carole e Tuesday - 1ª Parte (Original Netflix)

2ª parte a caminho

Uma coisa que a Netflix deixou a desejar foi na entrega do anime: Enquanto Carole e Tuesday foi lançado como uma única temporada de 24 episódios no Japão, a Netflix dividiu em duas partes de 12 episódios cada para sua transmissão internacional.

Os doze episódios iniciais foram lançados na última sexta-feira, 30 de agosto, como já informado. Entretanto, ainda não há previsão de estreia para a continuação: e com o gostinho de “quero mais” deixado pelo 12º capítulo, vai ser difícil aguardar por muito tempo.

Ainda assim, a Netflix ganha um ponto positivo ao entregar o anime não só com áudio original em japonês e legendas em português, o padrão para o gênero, mas possibilitando dublagens em inglês e inclusive em português. Embora comumente criticadas, a dublagem torna a obra mais acessível a deficientes visuais e analfabetos, por exemplo, que não poderiam apreciar o anime se este estivesse somente legendado.

Dublar algo é um passo a mais pela inclusão social, e devemos sempre aplaudir quando essa opção está disponível. Afinal, o mundo precisa conhecer essa incrível obra de arte que é Carole e Tuesday: independente do idioma de áudio, o amor pela música é o que fala mais alto.

E você, o que achou de Carole e Tuesday? Deixe seu comentário!

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